terça-feira, 16 de março de 2010

A arte imita a vida

E, de repente…
enjoei do personagem,
não gostei do figurino,
cansei do cenário,
impliquei com a performance
e detestei o texto…
Então,
abandonei o palco
e o deixei ali,
ator doado em cena.
Dei a mão pra outro
e fui viver,
finalmente,
um amor de cinema.

Créditos: Marla de Queiroz ~ http://www.mariafilo.com.br/blog/?p=399

O ciclo do 'aqui se faz, aqui se paga'

_Você vai ver! 'Aqui se faz, aqui se paga!'
Geralmente é isso que se ouve das pessoas quando você sem querer, sem saber ou propositalmente comete uma cagada.
Num primeiro instante a gente acha graça da situação e não passa pela cabeça que alguém vai te forçar a pagar a dívida.
Ai é que você se engana! A cobrança sempre chega. Geralmente é sempre quando a parte machucada foi cicatrizada. Mas antes do acerto final começa o tortuoso e chato 'caminho das pedras social'.
Além de escutar a frase clichê, você é obrigado a conviver com o desprezo e o bico torto de pessoas, que por terem um nível de intimidade tão grande com quem saiu machucado, tomam as dores e sentem raiva de você! Você se torna unicamente culpado pela cagada! E mesmo que se pense 'tô nem ai', esse tipo de situação é como um câncer; vai te corroendo e não faz nada bem.
Por achar que está com a consciência limpa, fingem não ligar. No fundo ligam. Refugiam-se em "novas amizades e, como disse, acham que a consequência da cagada ficou por isso mesmo.
Nem tão menos clichê e mais certa que o 'aqui se faz, aqui se paga' é o famoso e verdadeiro ditado: 'o mundo dá voltas'. Literalmente.
Quando a rotatória chega no ponto zero pra recomeçar seu ritual, pode saber, o inferno começou.
As situações ocorrem de formas variadas. Vai de acordo com o tempo, a relação, a intimidade e o envolvimento que se tinha com a pessoa magoada por você. Não importa quando, o importante é que o seu dia vai chegar. Pra piorar, é certo como a morte; e quanto mais tempo demora maiores são os juros.

Já aconteceu comigo, vai acontecer com você. Não tem erro. Um dia você machuca alguém. Outro dia álguem machuca você. É um ciclo vicioso. Só torça pra que a sua cabeça não pare debaixo dos pés de quem você magoou. Sabe-se lá se ela vai te dar um tapa de luva ou vai esmagá-la.
Mas, como fazer para não entrar ou conseguir sair desse ciclo?
A resposta certa eu não sei. Falo pela experiência que tive. De traumas dos quais ainda não consegui me recuperar, porque mesmo pagando as dívidas das cagadas que cometi e depois de ter aprendido a lição (acho), cobranças ainda chegam na minha caixinha de correios da vida. Algumas com valores bem pequenos, desses que se quitam com uma boa e clara conversa. Outras das quais além de não lembrar, sou obrigada a mexer na poeira das minhas lembranças e resgatar argumentos de defesa.
Pois bem, já traí, já menti, humilhei, desprezei, etc... Paguei por tudo. Paguei sem ter cometido erro também. Cada um na sua medida.
Hoje encaro a vida de outra forma. Mesmo 'sem querer' eu posso cair nesse ciclo vicioso novamente. Mas uma coisa eu sei: NUNCA MENTIR. Por pior que seja a verdade, ela anda de mãos dadas com a mais incrível das virtudes: A DIGNIDADE.
E é por isso que agindo assim, me previno para não correr o risco do mundo dar voltas comigo.

Fica a dica!
Adriane Assis

Relações com o tempo

Tempo.
Por que ele não corre? Saco.
[o encontro]
tic - tac...
Tempo.
Por que passou tão rápido?
[despedida]

Adriane Assis

Indecisão

_Mas o que ele te transmite?
_Ah! Mistério. Fico louca pra saber o que ele está pensando. Muitas das vezes preciso perguntar, e mesmo assim não obtenho as respostas de um jeito claro.
_E isso é bom ou ruim?
_Hum... não sei.
Adriane Assis

quinta-feira, 11 de março de 2010

Das músicas que marcam...



Toda vez que escuto a música 'Yellow' do Coldplay entro em estado de extase. Sim, não posso negar que outras músicas mexem com meu emocional, mas por alguma razão, que eu ainda não sei qual, posso estar muito feliz ou mesmo triste que tenho a sensação de desabafo quando a escuto.
Em minha mente monto diferentes 'vídeoclipes'...
Agora por exemplo, estou com o MP3 no último volume.

Me imagino em uma madrugada quente, andando com minha mochila nas costas... percorro uma estrada de asfalto. Depois entro em uma floresta, dessas que a gente só vê em filme americano. Não muito escuro, o suficiente pra poder seguir. Estou em uma trilha. Apenas as estrelas e a lua iluminam o caminho.
Acho uma clareira, deito no meio dela e começo a pensar na vida. Pras lembranças tristes, uma lágrima. Pras lembranças boas e alegres, sorrisos e gargalhadas que fazem eco em meio ao silêncio da floresta.
Por fim, resolvo levantar e continuar o caminho. Vou sem rumo. Só espero achar algo interessante pra ver. Depois de mais um tempo de caminhada, uma linda vista. Talvez uma das vistas mais lindas que eu possa algum dia chegar a conhecer.
Sento na pedra mais alta afixada no paredão... e assim assisto o espetáculo do sol surgindo no horizonte...

Adriane Assis

segunda-feira, 1 de março de 2010

A vida sem expectativas

Clara sempre foi muito emotiva.
Um dia ela ficou triste. Chorava todos os dias.
Por fora feliz, mas por dentro, ódio e amor se misturavam...
Tentativa de uma nova paixão em vão. Não estava tão feliz com a nova relação.
Ponto final. Lá se vai alguém que não lhe causou tão boa impressão.
Eis que quando menos esperava, e depois de ter decidido não criar expectativas, Clara conheceu alguém especial.
Chegou em um momento oportuno, onde qualquer nova adição de carinho, beijos ou demonstração de afeto era bem vinda!
Clara se envolveu. Sábado passado fez uma semana que ela sente saudade dele, sente tesão por ele e sente isso sem cobrança. Por livre e espontânea vontade.
Clara sente por que quer. Sente sem medo e sem criar expectativas.
Clara acredita, que dessa forma ela pode ser feliz.
Clara hoje não se importa se as pessoas não lhe correspondem. Neste momento, ela sabe que o amor faz bem principalmente a quem o emite.
Óbvio que Clara continua em recuperação. Mas agora só restam resquícios de um amor que lhe trouxe mentira e deixou ódio. Ódio que nem existe mais. Portanto, por ser o sentimento mais próximo do amor, define-se qué se não existe ódio, não existe mais amor.
Enfim, Clara se libertou. Está feliz. Está contente. Está deixando a vida levar sem expectativas; pois essa é a nova forma que Clara tem de lidar com as relações amorosas.
=]
Adriane Assis

Os olhos são coadjuvantes do olfato

Repassarei um truque aos filhos. Como selecionar um brigadeiro.
Nunca compre o doce enorme. Logo se imagina que aquilo deve ter uma latinha inteira de leite condensado.
Na prateleira, é o imperador das bandejas, o pai do quindim, com o formato achatado de capuz. Sua criança babará no balcão, sofrerá um ataque de epilepsia. Por favor, contenha o impulso dela.
Apesar da aparência lustrosa e crocante, coberta de granulado, é uma enganação. Todo chocólatra fareja que é falso. Não pode ser real. Ele vai durar para sempre porque é impossível comer. Na primeira mordida, a arcada perderá seu fio. Procure um moleiro para recuperar a lâmina. É uma pasta com farinha. Até Taiwan seria mais caprichosa na pirataria.

O brigadeiro mais gostoso curiosamente é o pequeno, do tamanho de uma unha. Uma titica. A panelinha guarda lugar para mais dois. Não transmite nenhuma superioridade. Sozinho, não será localizado no mostruário, é uma formiga sendo carregada por uma folha. Depende de lupa, microscópio, pinça. Mas é esse que fará você pagar o dobro e repetir à exaustão. A gana é obturar todos os dentes com seu conteúdo. Com o minúsculo confeito, o desejo vem em caixa alta. Somente a língua trabalha, é quase líquido, desmancha no céu da boca e adoece o pensamento.

Portanto, repassarei também um conselho aos netos. Como duvidar do primeiro encontro. As estrelas não escrevem, unicamente brilham. Ainda temos a expectativa de que ele teria que ser mágico, com efeitos especiais, relâmpagos, tremedeira, suor, frio na barriga. O corpo pescaria a clarividência, estaria certo do destino, pressentiria o casamento no primeiro toque, no primeiro beijo. Seria uma moleza, uma ejaculação precoce, uma tensão infindável.
Abandonaríamos os compromissos pela certeza indomável das pupilas. Em madrugadas de lareira, o par esbaldaria aos amigos de que não houve hesitação, foi uma junção perfeita, um golpe de misericórdia no batimento cardíaco.

Já testemunhei amores avassaladores e cinematográficos que não duraram nem a manhã seguinte. O casal experimentou cenas de porta-retrato na cômoda, com todos os sintomas do cortejo romântico e idealizado: a música parou e as casualidades se moveram secretamente. E os dois não seguiram adiante, pois sequer se esforçaram. O contato inicial pode ser uma droga, a pessoa irritar e bancar a arrogante, cometer grosserias e atazanar a paciência e mesmo assim despertar a curiosidade. Nada mais promissor do que a confusão. A proximidade surgirá pela desconfiança, pelo desafio desagradável, pelas visitas diárias ao ódio, até o momento em que não falará de outra coisa senão dela. Expulsará lentamente os preconceitos e aceitará de que não escolhemos o melhor, mas o necessário. É a insistência que produz o amor, não o deslumbramento.

Paixão à primeira vista não existe com brigadeiro ou com mulheres. Mas cheiro à primeira vista é imbatível. A química não costuma falhar, desde que tenha tempo para misturar os ingredientes.

Texto retirado do blog: http://carpinejar.blogspot.com/