quarta-feira, 11 de abril de 2012

Que vem do orgulho

Não é paixão. Não é amor. Não é saudade. 

Sabe orgulho ferido?
Ainda dói.

Adriane Assis

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Dos bons momentos

Companhia. Abraço apertado. Suspiro. Preguiça no corpo e falta de hora para levantar. Planos? Nenhum ou talvez uma cerveja. Obrigações? Não. Só o dia inteiro que se descortina desde a noite promissora…

Um cheiro no corpo, um perfume na memória. Um beijo no pescoço e um sorriso. Delícias partilhadas. Não há promessas, não há certezas. Há o ontem, o hoje, o agora, o instante, o momento. E esse momento enche a minha vida inteira.
Tudo então é possível. Até ser feliz. Mesmo por alguns instantes.


**Achei este pequeno texto (no meu 'arquivo morto') que foi escrito dia 08/01/2009 para um quase ficante, que virou ficante, depois tornou-se namorado e depois... Ah! O depois não importa, o início do 'relacionamento' rendeu isso ai.

Das coisas que eu quero...

Hoje eu quero te bater, te arranhar, enfiar sua cara falsa no vaso e dar descarga. Quero te balançar e agitar até você sentir vontade de vomitar. Quero ver um carro te jogar pro alto enquanto você atravessa a rua. Quero ver você sofrendo de dor com uma ferpa inflamada no cantinho da unha do dedo da mão que escreve. Quero ver você indo mal nos estudos e ganhando inimigos mortais na faculdade. Quero que suas coisas caiam do seu bolso quando você atravessar a passarela. Quero que perca aquele arquivo importante do seu computador sem ao menos ter a chance de salvar.

Quero que na cidade onde for passar o carnaval chova. E chova muito, a ponto de não ter como sair de casa. Quero que aqueles que você considera ser seus amigos te abandonem. Quero que perca essa droga de estágio que você chama de emprego. Quero que ninguém te deseje. Que você não consiga transar com ninguém. Fazer amor? Muito menos. Quero que broche apenas. Quero que perca um dente, que ganhe quilos e mais quilos.

Quero que suas viagens programadas dêem errado. E que perca a hora todos os dias. Quero que chore muito e que fique horas rolando na cama tentando dormir. Quero que lembre de alguém que te conforte quando cada uma dessas coisas acontecer. Quero que esse alguém seja eu. Quero você de volta pra mim.


Adriane Assis

domingo, 7 de agosto de 2011

Pimenta nos olhos dos outros

Vai que ela resolve me atender? Acho que não custa nada. Já passou tanto tempo e... não acredito que ela seja tão rancorosa a ponto de não querer conversar...
Tuuu. Tuuu. Tuuu. (Tom do telefone)
_Oi.
_Aaaah... éééé... Ei! Tudo bem?
_Tudo. Mas quem tá falando?
_Éééé... Marcos. 
_Que Marcos? O único Marcos que eu conheço não tenho mais cont...
_Sou eu mesmo! Acho que precisamos conversar... Eu tenho taaantas coisas pra te falar... Não queria ter perdido sua amizade e...
_E que eu não quero saber de você, fracassado! Terminou com a namoradinha ou foi ela quem terminou com você?! Cara de pau! 
_Mas é que passou tanto tempo, não achei que tivesse tanta raiva assim. Eu queria esclarecer as coisas! É sério e...
_HAHAHAHA Ainda tenho raiva sim! E que como eu já disse, NÃO QUERO SABER DE VOCÊ! Quero que se exploda, você e a sua culpa! 
_ Então... descul...
_Tum, tum, tum... 
Silêncio e tristeza.
Sentado na cama, o amigo olha curioso:
_E ai cara! O que aconteceu? 
_E ai que ela nem quis conversa. Disse que sou um fracassado e tals...
_Cara, não entendo. O que afinal você fez com ela pra esse ódio não ter passado depois de taaanto tempo? Faz uns 3 anos já... e é normal as pessoas esquecerem...
_Ah... é que... Eu dormi com a melhor (ex) amiga dela. A Ju era a melhor amiga dela... aconteceu... 
_Porra cara! Como você faz uma coisa dessas? Pô! A mina gostava de você pacas! E a Ju? Nunca pensei... agora entendi porque vocês não contavam como se conheceram... A Ju também é maior piriguete né?! Eu já tinha percebido isso, desculpa te falar só agora. Aquela cara de santa nunca me enganou!
_É, eu sei... (choramingando). Também só fui perceber que a Ju não prestava agora, antes de terminar com ela. Por isso resolvi ligar pra Nath... Queria pedir desculpas, sei lá. Eu nem gostava da Ju de verdade. Ela só era uma companheira... a Nath sempre foi 'a' namorada, sabe?!
_Não adianta chorar! Agora é correr atrás. Sei lá... manda flores, vai no trampo dela... tenta conversar pessoalmente. Te apoio em qualquer decisão. Talvez ela entenda! Se eu fosse ela, te perdoaria... passou! Errar é humano!
_Ah! Fico feliz com seu apoio Rafa! 
_Pode contar velhinho! Você é meu amigão e amigos são pra essas coisas!
_Porra! Valeu mesmo! E... já que você disse que passou tanto tempo... eu queria te contar uma coisa, e espero que você me compreenda.
_Claro! Pode falar!
_Eu dormi com a Rê (gente, a Rê é a namorada do Rafa!) na sua festa de formatura... (tampa o rosto com as mãos) Glump!
Barulho. Coisas saltando pelo ar. Sangue. Dentes caindo. 
Alguém voa pela janela.
Adriane Assis

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Conversas de metrô

Entre a leitura de um livro, o barulho do metrô nos trilhos e alguns cochichos, foi possível ouvir algumas partes de uma conversa entre duas moças; uma loira e uma mulata.
A mulata contava a amiga sobre sua última decepção amorosa e o quanto naquele momento ela estava magoada com o farsante, seu último namorado que após três anos de namoro e alguns planos futuros, se enrabichou por uma 'menina', 8 anos mais nova que ela (que aparentava ter seus 30), terminou o namoro afirmando não ter nada haver com outra mulher, mas assumiu publicamente o novo relacionamento 10 dias depois do término. Engraçado como me identifiquei com a história. Mas o mais engraçado é como eu lido hoje com isso. Na verdade é como eu espero que aquela moça tão bonita sinta-se daqui uns 6 meses. O que aconteceu comigo  naquele ano (2009) me fez sofrer de forma desesperadora. Questionei a Deus porque aquilo estava acontecendo comigo. Entre uma conversa e outra, entre releituras de mensagens antigas, vendo fotos que me pertubavam, pude juntar provas suficientes de que aquilo (a traição) estava acontecendo há muito tempo e só eu (cega de amor) não enxergava. Foram muitos avisos, mas eu não compreendia. Então agora, amando, bem resolvida e amada como estou, pude perceber que dentro daquela relação eu não fui a trouxa. Fui fiel, amei e me dediquei como pude. Aconteceu porque o fraco era ele, que não soube levar uma relação a sério e preferiu ficar com uma 'menina' sem graça e bobinha, do que continuar comigo. E o que eu sinceramente sinto é dó. Foram 6 meses de muita peleja, pra perceber que Deus preparou pra mim algo muito melhor, tanto afetiva quanto materialmente. Foram 5 meses sofrendo e 1 mês pra esquecer completamento o outro. Foi 1 mês para que uma pessoa superasse todas as minhas expectativas. Hoje tenho um companheiro que coloca no chinelo, todos aqueles que de alguma forma me fizeram sofrer, e de certa forma, o último antes do atual, fica abaixo da sola do chinelo em todos os quesitos. Foi nisso que fiquei pensando enquanto entre uma virada de página e a parada de uma estação, a moça contava sua 'trágica' tristeza para a amiga. Pensei em dizer pra ela não se preocupar. Pensei em contar tudo que também aconteceu comigo só pra dar uma animada nela. Pensei em várias coisas e depois despreocupei-me. Daqui um tempo, ao ouvir falar o nome dele, seu coração não vai bater forte, não haverá necessidade dela 'fuçar' a vida do casal na internet, ela vai se lembrar vagamente com indiferença daquele que um dia ela amou e lhe fez mal, e melhor, ela vai encontrar um amor que a ame e seja respeitoso. Afinal, Deus sempre reserva algo de melhor pra gente.


Adriane Assis

terça-feira, 31 de maio de 2011

A caixa de papelão

Na minha infância, toda vez que chegava uma compra na caixa de papelão, eu não pensava duas vezes pra desmanchar aquele emaranhado de grampos e fita adesiva e escorregar no pequeno 'morrinho' de acesso do portão até a porta da sala de casa.

Minha mãe sempre conservou bem as coisas, existem móveis de quando eu ainda não era nascida 'decorando' a casa até hoje, por isso, ás vezes o item causava até briga. Era eu pegando tudo quanto é pedaço pra juntar e fazer um que cubrisse todo o espaço. Quando não era possível 'pegar' a obra prima lá de casa, eu  andava meio que bisbilhotando as compras dos vizinhos, então, sempre que um caminhão parava na rua, era esperar no máximo dois dias e lá estava o papelão jogado no passeio esperando o caminhão de lixo passar. E é claro, sempre fui  mais esperta que os garis. 

Meus primos por parte de pai sempre vinham aos domingos nos visitar, e escorregar no papelão tornou-se 'a' brincadeira. A gente colocava o papelão maior como base e os pequenos pedaços viravam os tapetes. Era um tobogã curto, mas delicioso... Dava até um ventinho no rosto.

Passaram os anos, eu cresci, minha irmã do meio também e os vizinhos não renovavam seus móveis. O papelão tornou-se um item escasso na vizinhança.
Então hoje, minha mãe recebeu duas caixas de papelão. Uma do fogão e outra do exaustor (uma troca justa depois de passar 20 anos com os mesmos itens). Suficientes pra várias crianças brincarem de escorregar. 

Quinze anos depois da última vez que escorreguei de papelão, fica mais fácil desmontar a caixa e deixar que o caminhão de lixo leve. Mas não, vou aproveitar minhas férias, escorregar mais uma vez e relembrar a minha infância nunca esquecida.
Adriane Assis

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Receita de melancolia

Quer entrar num universo chamado melancolia


Fique uns seis anos sem apagar seus e-mails. Quando resolver fazer aquela limpeza, veja quanta coisa idiota você mandou e respondeu.


Relembre brigas, discussões de trabalhos da faculdade, veja fotos antigas, vagas de emprego, de estágio; desejos de boa sorte, depoimentos amorosos e ciumentos, pedidos de desculpas, recaídas, mensagens de auto estima ou de falta dela; mensagens de saudade, de raiva, de ódio, de desprezo. Relembre os pés na bunda que já deu ou aquele momento 'fossa' onde você desabafa com sua amiga sobre aquele seu ex que te traiu, te deixou, e ou terminou com você. 

Abra o e-mail de "amizade" daquelas suas amigas falsas que hoje não são mais suas companheiras. Pense no tanto que confiou e foi fiel, lembre-se o quanto foram desleais e fique esperta, pra não agir feito idiota de novo. 
Ria dos comentários de desdém que a ex do seu ex disse sobre você que sua amiga copiou do facebook, colou e mandou pra ler. Encha os olhos de lágrimas ao ver o e-mail carinhoso daquele seu amigo que faleceu. Dê gargalhadas do e-mail que seu ex (na época namorado) mandou pra você reclamando, todo cheio de ciúmes, de um cara que te deixou um recado na página da rede social chamando-a de 'linda'. Gargalhe o suficiente pra compensar que aquele ciúme bobo foi um dos fatores que fizeram vocês terminarem. Gargalhe mais uma vez e mais alto, pra se livrar do arrependimento de nunca ter traído esse tal ex, que de tão canalha, usou esse motivo pra dizer que estava cansado de ver outros caras dando de cima de você e por isso resolveu terminar. Gargalhe ainda mais alto, até acordar a vizinhança, pra não chorar de raiva quando lembrar que antes de vários caras te chamarem de linda, existia uma 'zinha' dando de cima dele. Agora gargalhe até a barriga dar caimbras, só por ter sido burra em nunca desconfiar que enquanto você chorava por ele achando que o erro estava em você, sua amiga mandou fotos dos dois juntos, comemorando aniversário de namoro. Apague o e-mail, as fotos e agradeça a Deus por ter mostrado que ele não presta. Apague o e-mail. Não tem porque guardar coisas que não importam mais, né?!

Assuste-se ao recitar perfeitamente uma declaração de amor feita com a letra da música de Zezé di Camargo e Luciano, de Victor e Léo, de Nando Reis, de Jota Quest, de Adriana Calcanhoto, de Zeca Baleiro, de Paulinho Moska, do Renegado, de Los Hermanos, do Pedro Morais, do Vander Lee... Com certeza você pode montar vários clipes 'românticos' e 'saudosistas' na sua cabeça; afinal, foram essas baladas que envolveram seus muitos relacionamentos... Não apague o e-mail. Serve pra quando um dia você não lembrar a letra de uma determinada música.


Tenha vontade de se matar ao abrir o e-mail com o assunto: 'Fotos da atual' que contém imagens da atual do seu ex: Uma menina feia, sem sal e uns 6 anos mais nova que você. A menina é simplesmente a cara da Lilo Stitch. Naquela época você não acreditava que ele te trocou por ela. Hoje você sabe e tem certeza: Arrumou alguém sem personalidade e tão mediano quanto ele mesmo. Não apague este também. Serve como símbolo de auto estima; tipo aqueles vídeos de motivação: 'Sempre tem alguém em situação pior que a sua' ou 'Você sempre à frente.'

Indigne-se com aquela vaga de estágio que você deixou passar porque o salário era baixo, ou porque você não falava inglês, ou simplesmente porque você tinha medinho de deixar sua chefe na mão. Indigne-se mais ainda ao perceber que ela nunca esteve nem ai pra você. Apague também esse e-mail e nunca esqueça a lição. Aliás, tá frequentando direitinho o curso de inglês?

Fique puta com aquela gorda beiçuda que te mandou um recadinho desaforado dizendo que você fez algum serviço errado, sendo que a errada era ela. Agora respire fundo, abra os olhos e acorde. Você foi pra frente, ela continua carregando a carga. #trocadilho Este e-mail nem devia estar guardado. Apague já!


Critique mentalmente sobre os seus vacilos... Critique os dos outros também, poxa!
 
Leia tudo e mais um pouco. Leia mais uma vez, reflita e fique melancólica. Sinta saudades de algumas coisas e não morra de ódio de outras. Não deixe que isso altere seu presente. É justamente por isso que a sua vida está do jeito que está. Boa ou ruim? Depende do ponto de vista e do que você fez e viveu no passado.

Depende de como você vive a sua vida.


Adriane Assis

quinta-feira, 24 de março de 2011

Outono



Acordo com aquela preguiça matinal.
Pela janela do meu quarto vejo algumas folhas secas caindo...
Sinto um cheiro de bacon que vem da cozinha. Com certeza minha mãe está a preparar algo.
Ouço o som do vento a rondar o espaço entre o alpendre e a porta de entrada.
Debaixo do meu edredom me abraço e sinto o felpudo pano do pijama.
Escuto a voz de minha mãe a chamar. É o café que está na mesa.
O friozinho é aconchegante e eu não quero me levantar...
Afinal, é outono.


Adriane Assis

sexta-feira, 11 de março de 2011

Sexta

Então hoje, mais do que nunca eu quero beber um copo de ânimo e comer uma porção de libidinosidade; que é pra relaxar.


Adriane Assis

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Do amor eterno

(...)

_E se eu for primeiro que você?
_Farei uma despedida e cobrirei teu túmulo com as mais belas e coloridas flores...
_E depois?
_Depois vou viver imensamente feliz.
_Feliz? Pensei que morreria de tristeza sem mim.
_Pois então... Eu vivo porque estás presente na minha felicidade. Se eu estou feliz, tu permanece viva.


Adriane Assis 

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Chaveiro de coquinho


Ela furiosa.

Ele pergunta: _E então?

_E então o quê?

_Quero saber como vamos fazer com as nossas coisas...

_Agora não existe ‘nossas’ coisas. Existe as MINHAS e as SUAS coisas.

_ Tah... Mas...

_Mas nada! Separei o que é seu e deixei no quartinho de serviço.

Ele caminha até aquele cômodo repugnante e encontra um disco do Ringo Starr.

_Mas eu só encontrei meu disco favorito!? Onde está o restante das coisas?

_Não tem mais nada. O disco foi a única coisa que você comprou

com seu dinheiro.

_Isso não é justo!

_Ah! Não é justo? (aos gritos) EU te tirei da 'pindaíba' depois do golpe que levou da sua antiga namorada! Aquela mocréia te roubou tudo e eu reconstruí sua vida! EU! EU me matei de trabalhar pra te dar conforto! E você me paga com o que mesmo? TRAIÇÃO! Você me traiu e ainda não acha justo??

_Eu disse que foi apenas uma coisa de momento! (e chora)

_Ah! E tem isso aqui também! (joga um objeto em direção a ele)

_Mas esse foi o chaveiro que te dei quando voltei de Manaus!

_É seu! Foi você quem comprou! Aliás, odeio objetos de coquinho! Eles fedem! Não quero NADA que venha de você! Suma daqui!

_Tah... mas não faz isso! É muito importante que você fique com ele.

_Anda! Some você e esse presente tosco!

_Tah... to indo. (lágrimas)

Ele pára na frente do elevador e pensa em tudo que aconteceu. Anda pelo hall do prédio, olha no espelho, chega até a porta e desce o degrau...

Vai até a praça e deita no banquinho por um tempo. Olha pro chaveiro de coquinho e lembra do momento em que o comprou. Os únicos centavos que restaram da viagem. Era como se fosse uma ferida de queimadura tocada. Levanta, anda até a linha do trem e deita ao lado do disco de Ringo Starr. Segura forte o chaveiro de coquinho.

O trem passa.

Adriane Assis