quarta-feira, 28 de julho de 2010

Dos sonhos...

Quero casar.
Sim, com tudo que tenho direito.
Quero entrar na igreja ao som de Los Hermanos.
Quero entrar na igreja vestida com um simples vestido branco (apesar da não virgindade) e segurar um buquê de rosas vermelhas.
Quero uma igreja pequena. Nela só os meus melhores amigos e algumas pessoas da família.
Quero ser cortejada pelo meu noivo. Ser olhada com olhos brilhantes. Ser desejada por ele.
Quero uma festa.
Quero comer e beber.
Quero pular e dançar até meu penteado desmanchar.
Quero no meio da música agitada, olhar pra ele, parar, sorrir e receber de volta um abraço e um beijo.
Quero sair escondida da festa.
Quero apertar a mão dele; poder sentir que é de verdade e que vai durar...
Até eu acordar.


Adriane Assis

Toque de frieza...

Cá estou eu deitada com as pernas entreabertas.
Nua.
Meu corpo carrega milhares de poros arrepiados.
Então ele desliza sobre mim.
Meus olhos fecham lentamente acompanhados de um girar.
São essas mãos quentes que me deixam assim.
Minha mente não acompanha os movimentos do meu corpo.
Suor. Muito suor.
Trêmula.
Lapsos.
Gemidos.
Ele solta o corpo como se estivesse desmaiando sobre mim. Vira de lado.
Dorme.
Fico sozinha com meus pensamentos e percebo...
Cá estou eu deitada com as pernas entreabertas.
Nua.
Adriane Assis

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Promessas de amor

Uma cama. Um dia não muito frio, mas perfeito pra ficarem deitados trocando carinhos.
Depois de um silêncio não planejado, encontraram-se com o rosto colado.
Olhavam fixamente para o olho um do outro.
Enxergaram uma bolinha brilhante. Parecia aquelas que a gente só vê em lentes de microscópio.
Riram e perceberam-se conectados até pelas coisas mais simples. Pelas bobeiras que tornam o dia a dia de duas pessoas, o item relevante pra alimentar o amor.
Ele fechou o sorriso e perguntou quase que sereno:
_Negah, quer ficar comigo pra sempre?
Ela sorriu:
_Infinitamente. E você, quer ficar comigo pra sempre?
_Até a outra encarnação.
Estavam perdidamente apaixonados. E adormeceram.
Adriane Assis


P.S.:Esta crônica é baseada em um fato real. Aconteceu em 12/07/2010.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Conto de amor e inveja

Eu tinha por mim que tudo seria para sempre...
Desde o primeiro dia de aula já estava fascinada por aquele olhar.
Infelizmente ele tinha namorada. E eu tinha inveja dela. Estava estampado na cara dele. Eu o desejava muito, e mesmo sabendo o quanto aquilo era errado, eu não conseguia me afastar. Ficava triste todas as vezes que ele chegava sorrindo por causa dela. Rezei durante todos os intervalos para que ela não fosse vê-lo, e para que ele não saísse do meu lado. Mudei de carteira tantas vezes, até que consegui me aproximar, mais e mais. Ia em todos os encontros dos colegas da sala, na esperança tenra de que ele sentasse ao meu lado. Procurei me informar sobre ele; das coisas que ele gostava eu sabia de cór. Esperava ansiosamente para encontrá-lo. Aos poucos fui tomando um espaço. Fazíamos trabalhos juntos e tinha liberdade de ligar, chamá-lo para sair. Eu o provocava, ingenuamente. Eu não queria atrapalhar o namoro dele, mas sabia o que estava fazendo. O queria pra mim. Só pra mim. Quando percebi, ele já não chegava mais com aquele sorriso no rosto. Rezei tanto que ela quase não aparecia mais para vê-lo. Fui tomando espaço. Acertava toda vez que a namorada falhava. Aliás, eu fazia com que ela falhasse. Eu a provocava. Era um jogo delicioso vê-lo se aproximar. Então eu acostumei com a idéia. Não me importava se magoaria a namorada dele. O importante naquele momento era tê-lo. Fiz a cabeça dele, e ele terminou com ela. Acompanhei a vida da então 'ex' por um tempo. Certifiquei-me que ninguém, muito menos ela estaria na perto dele. Eu ingênua e doce. Cheia de amor e carinho para dar. Ele triste, carente e solteiro. A situação convidava. Ficamos. Meu coração batia forte toda vez que nos víamos. Saíamos, conversávamos. A intimidade aumentava. Meu amor também.
Comemorávamos todo aniversário de... De que? Eu não sabia. Não era namorada. Eu era... sei lá. Ficante fixa talvez. Nem sabia se ele estava só comigo. Afinal, ele mentiu muitas vezes pra ela, na intenção de estar comigo. Podia mentir pra mim também. Azar. Eu estava apaixonada e isso bastava. Mas no fundo sabia que ele ainda, ás vezes ou quase toda noite lembrava dela. Tinha alguma coisa que o incomodava. E eu não entendia por que. Fazia tudo por ele. Me desdobrava em mil para conseguir cumprir minha rotina de escola, trabalho, curso, família, amigos e ainda ter tempo pra ele. Apresentei-o aos meus pais. Deixei que entrasse mais e mais em minha vida. Conheceu meus amigos. Conheci alguns dos amigos dele também. Trocamos presentes.
Continuei apaixonada. Continuei não sendo nada. Comecei a sentir ciúmes dela. Ciúmes da ex. E a inveja voltou também. Ela era linda, uma mulher. Eu era uma menina. Uma menina boba e apaixonada. Soube que depois dele, ela teve vários. Ela podia escolher. Hoje ela namora. Por que eu não? Comecei a questionar. Ela não precisou fazer o que eu fiz para conseguir o homem que desejou. Não destruiu nenhum namoro. Não destruiu nenhum 'possível futuro lar'. Ela tinha homens aos seus pés, um namorado apaixonado e ele. Não de corpo. Mas ele ainda pertencia a ela. Não sei se era amor. Algo ainda o ligava a ela. E por mais que eu me esforçasse, ainda não tinha conseguido ser o que ela foi para ele: namorada, desejo, paixão.

Levei a situação... Foi ai que me assustei. Passado dois anos e meio de relacionamento, próximo a data do nosso baile de formatura, mesmo nunca tendo me assumido de verdade, ele me pediu em casamento. Era para dali mais uns dois anos. E dessa vez tive quase certeza dos sentimentos dele por mim.

...
O buquê chegou. Meu vestido pronto. Eu estava linda. Usava flores do campo no cabelo.
...
As portas se abriram. Ele estava no altar. A igreja era pequena e tinha poucos convidados. Nada muito divulgado. Estava tudo do jeito que ele queria. Sem festa. Sem muita gente. Discreto.
Enquanto o padre falava, escutei passos de salto alto. Me virei devagar pra não criar movimentação da cabeça de mais ninguém. Vi um corpo de belas curvas em um vestido vermelho, pouco acima do joelho. Aquela mulher continuava linda. Estava parada no corredor da igreja e me sorria sexy e sarcasticamente, sem soltar um ruído sequer. Ele percebeu o quanto fiquei atônita e se virou. Seu olhar brilhou daquele jeito; dos tempos de faculdade. Estava hipnotizo e embasbacado. Moveu-se em direção a ela.
Saíram da igreja os dois; (ela um pouco mais a frente) e antes que desaparecessem pela porta, me passou um último olhar e sorriu novamente, como se quisesse dizer: _Estou levando o que me tirou e é meu por direito.
E a igreja ficou enorme. Minha vergonha e tristeza também. Sentei-me no altar e senti ser acolhida por meus familiares. Chorei.
E continuei sentindo inveja dela.


Adriane Assis

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Das desculpas dos homens...

"Aqui é da casa de Romeu. Ainda procuro por minha Julieta. [risinhos] Deixe seu recado após o bip."

Biip!

_Aqui... estou te ligando pra você pegar suas coisas. Já estão separadas na caixa azul no canto da sala. Não estarei aqui quando chegar e peço que não me procure mais. Ah! Não bagunce nada ou eu mato você!
...

Romeu aparece com a barba por fazer, um cheiro de sabonete de motel e algumas rosas (de cores diferentes) soltas em uma das mãos.

_Você não recebeu o recado?

Romeu [com cara de estranhamento]: _Que recado? Não recebi nada.

_Ah! Esquece! Saudade de você! [sorriso no rosto] O que vamos fazer hoje?

R: Vim te amar. Depois vamos pra minha casa. Vou fazer um jantar especial. [segura a cintura dela]

_Amo você! Vou adorar ir pra sua casa! E... Nunca mais suma sem avisar! [Beijos]


...

Ela planejava apagar o recado da secretária assim que Romeu fosse pro banho.

Romeu (que havia sumido por dois dias) passou em casa e ouviu o recado da secretária. Saiu e fez compras pro jantar. Quando dirigia-se pra casa dela comprou rosas. Cada cor representava uma desculpa.


Romeu já levou margaridas, flores do campo, hortências... Na próxima semana ele vai sumir de novo. Qual será a flor que ele vai comprar?
Adriane Assis

terça-feira, 6 de julho de 2010

Uma relação quase amorosa

Diego é sagitariano. Luanda é de peixes.
Diego é inteligente e escreve bem. Luanda também é inteligente e linda.
Luanda tem uma amiga sagitariana. Uma amiga que representa todas as qualidades dos sagitarianos, e os defeitos também.
Diego tem um avião, dinheiro, casa, carro e um gosto musical duvidoso. Luanda tem beleza, pai, mãe, muitos amigos e não tem irmãos. Para completar sua felicidade ela só precisa de um amor. Por alguns instantes Diego foi o escolhido, ou ele a escolheu? ...sei lá.
Mas além de avião, dinheiro, casa, carro e um gosto musical duvidoso, Diego tem uma ex. E dúvidas.
Luanda também tem ex. Vários. Mas ela queria Diego. Certeza. E Diego não sabia se queria Luanda, a ex, as duas ou... ficar sozinho.
Os dois conversavam todos os dias. Virou um quase namoro; uma quase relação.
Diego é confuso. Tentou cozinhar Luanda em banho - maria na possibilidade de "resolver" a vida. Não conseguiu porque a amiga sagitariana conseguiu tirá-la da panela antes que a água secasse.
Diego procura Luanda quando está sozinho.
E ela (agora) tem preguiça dele.

Luanda, neste momento tem um balde de guloseimas no colo, um quase choro nos olhos, inteligência, beleza, pai, mãe, muitos amigos e um cardápio de novas experiências pela frente.
Diego tem uma ex, não tem mais Luanda e está... sozinho.


Adriane Assis