sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Do amor eterno

(...)

_E se eu for primeiro que você?
_Farei uma despedida e cobrirei teu túmulo com as mais belas e coloridas flores...
_E depois?
_Depois vou viver imensamente feliz.
_Feliz? Pensei que morreria de tristeza sem mim.
_Pois então... Eu vivo porque estás presente na minha felicidade. Se eu estou feliz, tu permanece viva.


Adriane Assis 

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Chaveiro de coquinho


Ela furiosa.

Ele pergunta: _E então?

_E então o quê?

_Quero saber como vamos fazer com as nossas coisas...

_Agora não existe ‘nossas’ coisas. Existe as MINHAS e as SUAS coisas.

_ Tah... Mas...

_Mas nada! Separei o que é seu e deixei no quartinho de serviço.

Ele caminha até aquele cômodo repugnante e encontra um disco do Ringo Starr.

_Mas eu só encontrei meu disco favorito!? Onde está o restante das coisas?

_Não tem mais nada. O disco foi a única coisa que você comprou

com seu dinheiro.

_Isso não é justo!

_Ah! Não é justo? (aos gritos) EU te tirei da 'pindaíba' depois do golpe que levou da sua antiga namorada! Aquela mocréia te roubou tudo e eu reconstruí sua vida! EU! EU me matei de trabalhar pra te dar conforto! E você me paga com o que mesmo? TRAIÇÃO! Você me traiu e ainda não acha justo??

_Eu disse que foi apenas uma coisa de momento! (e chora)

_Ah! E tem isso aqui também! (joga um objeto em direção a ele)

_Mas esse foi o chaveiro que te dei quando voltei de Manaus!

_É seu! Foi você quem comprou! Aliás, odeio objetos de coquinho! Eles fedem! Não quero NADA que venha de você! Suma daqui!

_Tah... mas não faz isso! É muito importante que você fique com ele.

_Anda! Some você e esse presente tosco!

_Tah... to indo. (lágrimas)

Ele pára na frente do elevador e pensa em tudo que aconteceu. Anda pelo hall do prédio, olha no espelho, chega até a porta e desce o degrau...

Vai até a praça e deita no banquinho por um tempo. Olha pro chaveiro de coquinho e lembra do momento em que o comprou. Os únicos centavos que restaram da viagem. Era como se fosse uma ferida de queimadura tocada. Levanta, anda até a linha do trem e deita ao lado do disco de Ringo Starr. Segura forte o chaveiro de coquinho.

O trem passa.

Adriane Assis


segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Carta a Renata Toffoli - A saga de um amigo oculto

Essa carta foi escrita em 2004, quando eu estava no final do 3º ano do Ensino médio.
Escrevi depois de comprar o presente de amigo oculto de uma amiga da época.
Essa amiga, que se chama Renata Toffoli (http://todoaquele.blogspot.com/) , era do tipo de pessoa que comprava todos os penduricalhos fofos/idiotas que via pela frente. Gostava de engenhocas inúteis e AMAVA smilles (aquelas carinhas amarelas que estão sempre sorrindo).
Seus pertences pessoais eram cobertos pelas carinhas sorridentes.
Além da personalidade super engraçada, desastrada e curiosa (extremamente curiosa), Toff era 'muito delicada' comigo (percebam a ironia das minhas palavras). Pisava no meu pé quase todos os dias, apertou minha bochecha quando eu estava recém operada do dente ciso, me vendia barrinhas de cereal engordativas, apertou meu pós operatório de furúnculo e outras 'cositas más'. Um doce de menina! HAHAHA

Leia a história e perceba o quanto eu sofri.

Dezembro de 2004.

Oi Toff!
Será que eu consegui te despistar? Você com essa sua curiosidade aguda me irrita, viu?!
No dia do sorteio do amigo oculto fiquei muito feliz de ter tirado seu nome (não por você, é claro), e sim por que achava que te dar um presente seria a coisa mais fácil do mundo! Afinal, você se contenta com qualquer coisa mesmo... ahahahaha.
Mas me enganei e me irritei muito por causa disso. Na lista de sugestões você pediu aquele tal baralhinho idiota "Madame Nova Era" que eu jurava chamar "Madame Magú" (não sei porque) e disse que o preço era mais ou menos R$ 8,00. QUE MENTIRAAAAAAA!

Aquela "enorme" caixinha custava R$14,00!!!! Que furo no olho! oO
Mas pesquisei um pouquinho e achei seu atual presente; outro baralhinho com o nome de "I Ching", bem parecido com o "Madame" e com um precinho beeem melhor.
Na dúvida e com a pressão que o dinheiro fazia no bolso, resolvi andar mais um pouquinho (Sou pão dura mesmo!).
Continuando...
Não falei o lugar ainda, né?! Estava no Mercado central com a Karine.
Passeando por um daqueles corredores 'cheirosos', me deparei com um objeto estranho, amarelo, com a cara redonda e sorridente... Por curiosidade, entrei na loja (com a Karine), me aproximei e verifiquei o objeto. Advinha o que era? Um SMILLE!
O estranho é que ele tinha uns número que pareciam uma régua no meio da cara. Não entendi e pedi ao vendedor que explicasse:
_É um cronômetro! É só você rodar o rosto e deixar virando. No final ele toca como se fosse um despertador.
Na empolgação, levei o "trem"... bem barato. Dava pra comprar mais um presentinho singelo.
Fui embora pra casa feliz da vida por causa da compra (apesar de não ser pra mim).
Chegando abri aquela coisa pra testá-lo novamente (já havia sido testado pelo vendedor).
Me bateu uma tristeza sem noção! Que presente inútil era aquele!? Pra que você ia querer um cronômetro!?! Só porque ele tinha cara de smille? Que idiota eu fui. =/
No sábado voltei ao mercado com o dinheiro contado para o novo presente. Cheguei na loja do baralhinho, pedi a moça pra embalar pra presente e tirei o dinheiro da bolsa. Quando olhei o valor na tabelinha ( \o/ ) perguntei a vendedora se de sexta pra sábado o preço tinha aumentado.
_É que ajustamos os valores pro Natal. Agora a tabela é essa.
Entristeci e pensei rápido.
Lembrei que minha amiga Carol morava bem perto dali (no quarteirão de trás) e fui até lá pedir que completasse o dinheiro... Cumprimentei o porteiro e pedi que ele a chamasse pelo interfone. Ela não estava!!! Então, numa síndrome de cara de pau, pedi o dinheiro emprestado ao porteiro! Consegui convencê-lo da 'gravidade' do meu problema (graças a minha ótima interpretação dramática) , peguei o dinheiro, saí correndo antes que ele desistisse, voltei na loja e comprei o presente.
Desta vez, bem satisfeita com a compra (agora sim), pensei seriamente em ficar com o smille inútil. Dava pra enfeitar, pelo menos...
Ao chegar em casa, tirei-o da caixa e ele caiu no chão. Desmontou todo e parou de funcionar direito.
MORAL: Eu saí no prejuízo!!!

Obrigada pelos apertos de pós operatório, pisões no pé, longas caminhadas pra comprar coisas inúteis, e principalmente pela sua amizade, pois, se não fosse por ela, eu teria comprado qualquer merda.
Adriane.
****
Final da história:
Toff riu muito dessa carta, adorou o presente e implorou pra eu dar o smille de presente. Todos os participantes, exceto eu, saíram satisfeitos do colégio.
Infelizmente, a pessoa que me tirou, comprou dois brincos beeeeeeeeem barangos pra mim. Se custaram R$3.00 (os dois), foi muito.
O smille (quebrado) está lá em casa; enfeitando a televisão do meu quarto. =P

domingo, 16 de janeiro de 2011

Carta ao Leandro - encostando na parede


Belo Horizonte, 21 de março de 2005.

20:03hs
Queria te pedir desculpas pelo que falei hoje. É mais fácil assemelhar pessoas aos defeitos...
Qualidades são volúveis... se você sente raiva, aquela pessoa não presta. Se você tem vontade de sumir, a culpa é de quem falou algo que não gostamos de ouvir.
Tá, chega de ladainha e vamos direto ao assunto. Percebi que a grossa da história fui eu. Fiquei mal; aliás, "EXTREMAMENTE" chateada com a situação. Sei que extrapolei 'um pouquinho', mas saiba que também me sinto 'a pior pessoa do mundo' quando de maneira sutil, sem que você perceba, me magoa com comentários inúteis e fora de hora. Não tô me fazendo de vítima, nem sendo 'dramática' como você mesmo diz; mas gostaria muito que pensasse no meu lado.
É triste tentar ser perfeita o tempo todo. Ficar linda o tempo inteiro, tentar ser inteligente o tempo inteiro, tentar não ser estressada, ser gente boa com pessoas das quais eu sei que não gostam de mim. Ser companheira o tempo todo. É difícil tentar te agradar.
Pior ainda é tentar fazer você me levar a sério.
Você é grosso, ridículo, meio estúpido e tosco, mas eu gosto de você. Sou apaixonada por você. E você não me dá valor. Não sei se já te disse isso, mas é péssimo ser apresentada como "sua amiga". Eu não gosto disso. Você tem essa péssima mania...Faz isso sempre.
Tenho medo de te perder, mas muito mais que isso, tenho amor próprio.
Na verdade, o que eu quero, é colocar um nome nesse até então 'relacionamento' que ás vezes me faz muito bem e outras, muito mal.
Pode ser que a gente complete 8 meses depois de amanhã. Por isso, me peça pra namorar, POXA!
Ou então, fique sozinho.

Beijos, beijos, beijos.
Adriane.

***
Essa carta foi escrita quando eu ficava com um garoto chamado Leandro.
Tirei do meu envelope de cartas que escrevi mas nunca enviei.
Essa história rendeu muitas coisas boas e também ruins (para ambos os lados).
Depois que escrevi a carta, eu não o coloquei na parede pessoalmente, muito menos brigamos. Nem comentei que a carta existia. E pra quem quer saber, quem pediu em namoro fui eu. Mas como isso aconteceu, fica pra próxima história.
***

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Página virada

Lágrimas. Ela enxuga com as mãos. Vira e dá as costas. Ele sente alívio.
Então houve a separação. Ela contou passos. Chorou mais alguns meses. Sofreu.
Ele também seguiu, viveu as melhores experiências, nunca chorou, mas também nunca a esqueceu. Viveu sua vida normalmente, mas todos os dias ao dormir lembrava-se dela.
O cheiro permanecia na memória. Aquela (agora uma linda mulher), ainda é o seu grande amor.
...
No destino dela, ele é apenas uma página virada.

Adriane Assis