terça-feira, 31 de maio de 2011

A caixa de papelão

Na minha infância, toda vez que chegava uma compra na caixa de papelão, eu não pensava duas vezes pra desmanchar aquele emaranhado de grampos e fita adesiva e escorregar no pequeno 'morrinho' de acesso do portão até a porta da sala de casa.

Minha mãe sempre conservou bem as coisas, existem móveis de quando eu ainda não era nascida 'decorando' a casa até hoje, por isso, ás vezes o item causava até briga. Era eu pegando tudo quanto é pedaço pra juntar e fazer um que cubrisse todo o espaço. Quando não era possível 'pegar' a obra prima lá de casa, eu  andava meio que bisbilhotando as compras dos vizinhos, então, sempre que um caminhão parava na rua, era esperar no máximo dois dias e lá estava o papelão jogado no passeio esperando o caminhão de lixo passar. E é claro, sempre fui  mais esperta que os garis. 

Meus primos por parte de pai sempre vinham aos domingos nos visitar, e escorregar no papelão tornou-se 'a' brincadeira. A gente colocava o papelão maior como base e os pequenos pedaços viravam os tapetes. Era um tobogã curto, mas delicioso... Dava até um ventinho no rosto.

Passaram os anos, eu cresci, minha irmã do meio também e os vizinhos não renovavam seus móveis. O papelão tornou-se um item escasso na vizinhança.
Então hoje, minha mãe recebeu duas caixas de papelão. Uma do fogão e outra do exaustor (uma troca justa depois de passar 20 anos com os mesmos itens). Suficientes pra várias crianças brincarem de escorregar. 

Quinze anos depois da última vez que escorreguei de papelão, fica mais fácil desmontar a caixa e deixar que o caminhão de lixo leve. Mas não, vou aproveitar minhas férias, escorregar mais uma vez e relembrar a minha infância nunca esquecida.
Adriane Assis