Ela furiosa.
Ele pergunta: _E então?
_E então o quê?
_Quero saber como vamos fazer com as nossas coisas...
_Agora não existe ‘nossas’ coisas. Existe as MINHAS e as SUAS coisas.
_ Tah... Mas...
_Mas nada! Separei o que é seu e deixei no quartinho de serviço.
Ele caminha até aquele cômodo repugnante e encontra um disco do Ringo Starr.
_Mas eu só encontrei meu disco favorito!? Onde está o restante das coisas?
_Não tem mais nada. O disco foi a única coisa que você comprou
com seu dinheiro.
_Isso não é justo!
_Ah! Não é justo? (aos gritos) EU te tirei da 'pindaíba' depois do golpe que levou da sua antiga namorada! Aquela mocréia te roubou tudo e eu reconstruí sua vida! EU! EU me matei de trabalhar pra te dar conforto! E você me paga com o que mesmo? TRAIÇÃO! Você me traiu e ainda não acha justo??
_Eu disse que foi apenas uma coisa de momento! (e chora)
_Ah! E tem isso aqui também! (joga um objeto em direção a ele)
_Mas esse foi o chaveiro que te dei quando voltei de Manaus!
_É seu! Foi você quem comprou! Aliás, odeio objetos de coquinho! Eles fedem! Não quero NADA que venha de você! Suma daqui!
_Tah... mas não faz isso! É muito importante que você fique com ele.
_Anda! Some você e esse presente tosco!
_Tah... to indo. (lágrimas)
Ele pára na frente do elevador e pensa em tudo que aconteceu. Anda pelo hall do prédio, olha no espelho, chega até a porta e desce o degrau...
Vai até a praça e deita no banquinho por um tempo. Olha pro chaveiro de coquinho e lembra do momento em que o comprou. Os únicos centavos que restaram da viagem. Era como se fosse uma ferida de queimadura tocada. Levanta, anda até a linha do trem e deita ao lado do disco de Ringo Starr. Segura forte o chaveiro de coquinho.
O trem passa.
Adriane Assis
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