sexta-feira, 7 de maio de 2010

Lembranças daquela mulher...


Não passava um dia sequer sem recordar algum momento vivido com ela. Sim, era uma mulher linda. A pele do seu corpo era macia e exalava um cheiro absurdamente sedutor. O cabelo encaracolado e escuro como noite de chuva o enlouquecia. Ficava excitado só de imaginar uma de suas mãos enroscada naqueles fios; enquanto a outra em sua fina cintura direcionava-a em sentido ao seu corpo. No pensamento escutava os estalos de quando ele a batia. Ela gostava de apanhar. Transformava-se em uma vadia quando estavam entre quatro paredes.
Aaah, e os dedos? Ela chupava os dedos dele. Não somente os dedos. Chupava outras coisas também. Sabia fazer ‘aquilo’ como ninguém. Ele sentia falta. Das que apareceram depois, nenhuma outra foi capaz de tanta habilidade e eficiência. Aquela mulher não tinha medo. Não tinha nojo.
E o sorriso dela?! Branco e quadrado. Os dentes pareciam ter sido esculpidos a gesso, com algumas falhas, feitas por um aprendiz. Aquele sorriso não costumava se abrir para tudo, mas reluzia felicidade quando ele dizia amá-la.

Foi ele quem terminou a relação. Não existia arrependimento. Estava acomodado ao destino que ele mesmo traçou. Teve medo de se entregar. Ele a deixou porque quis. Se encantou por outra. Preferiu uma ninfeta a ficar com ela. Era quase que a mesma imagem da mulher; alguns anos mais nova e alguma paciência e carinho a mais.
A mulher era marcada por experiências sofridas. A ninfeta era viva. Alegre. A mulher se dedicava. A ninfeta era companheira. A mulher se preocupava. A ninfeta o fazia gargalhar. A mulher ele amava. A ninfeta ele aturava.
Ficou muito tempo preso a imagem da ninfeta. Já a mulher que por muito tempo sofreu, reergueu – se e está mais bela do que nunca. Arrumou um outro rapaz. Quisto que só. Um jovem que a faz sorrir a cada minuto.
Ele sente inveja do rapaz e se morde de ciúme toda vez que lembra que agora ela é de outro. Tem vontade de matá-lo só de imaginar a boca dele roçando os lábios dela.
E então, sozinho e em silêncio, ele senta-se a frente de uma janela clara, e todos os dias à noite procura vestígios... daquela mulher.
Adriane Assis

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