sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Decidi te esquecer

Depois de 1 mês e 12 dias, decidi esquecer você. É esquecer ou passar dias ruins como tantos outros depois que você foi embora. Não sou completamente triste. Não estou morrendo, não que eu esteja infeliz, porém, seria melhor se estivesse aqui, do meu lado.

A primeira providência que tomei foi rasgar literalmente todas as nossas fotos juntos. As da minha formatura, dos passeios, do primeiro encontro, do pedido de namoro, do carnaval e tantas outras de tantos momentos felizes. Guardei somente uma, como lembrança. Uma em que somos metade um do outro. Minha metade boca, sorriso, alegria e sua metade cabelo e olhar ‘azul como o céu’. Foto que tiramos no carnaval depois de você ter ido vomitar na rua de trás de onde estávamos. Lembra como fiquei desesperada procurando você? Pois é, eu me preocupava... sempre cuidei de você...

Essas fotos estavam guardadas em uma caixa de sapato, mas direto e reto eu abria aquele maldito caixote de papelão e me lembrava de cada detalhe vivido. Rasgando-as não posso ter motivos alegres ou tristes pra lembrar você. Pelo menos não pelas fotos. De triste já basta o que você fez comigo.

Guardei seus cartões. Seus míseros 3 cartões dentro do meu baú de cartas. Junto com tantas outras insignificantes cartas de ex- namorados. Agora você faz parte do meu arquivo morto. Junto com Leandros, Henriques, Paulos, Betos, Tiagos e etc...

Peguei meu celular e apaguei o seu número dele, para não correr riscos nas noites alcoólicas ou insones que se seguem. Principalmente com essa minha vida de ‘solteira’. Eu já apaguei esse número tantas vezes... dessa vez é definitivo.

Apaguei também as três únicas mensagens que ainda me prendiam a sua lembrança. Quando terminamos, eu havia deletado a maioria, mas as achava tão bonitinhas que resolvi deixar por mais um tempo... Uma das que me lembro melhor foi: "- Gostei demais de ter vc aqui comigo hoje. Beijo minha Pretah. " acho que era mais ou menos isso. Essa mensagem foi do dia que você estava passando muito mal e eu fui até sua casa com sua mãe, depois do trabalho pra visitar e cuidar de você. Fiquei memorizando até tomar coragem pra apagar. Chorei muitas lágrimas - o processo de esquecer voluntariamente é extremamente lento e doloroso. Você sabe o quanto sou dramática e exagerada.

No meu computador já não existem mais imagens suas. Apaguei o playlist com músicas que me lembram você. Eu já havia retirado todos os RSS da barra de ferramentas, me certifiquei se não havia vestígios teus nos meus favoritos. Apaguei todos os prints das coisas ruins que você recebeu e escreveu para aquela FDP da Putaniella Almeida. Aquela vaca. Excluí todo nosso histórico do MSN.

Tirei sua imagem do sofá vermelho da minha casa. E o seu reflexo ainda estava no espelho do banheiro, aquela imagem de quando eu passava e você estava escovando os dentes. Aquela sua língua branca que eu vivia te xingando pra escovar...como você não limpava direito, eu fazia pra você. Eu sempre fiz as coisas pra você.

Não visto mais aquela calcinha amarela...Lembro que você ficava extremamente libidinoso quando pensava na possibilidade de eu a estar usando. Te ver libidinoso me excitava.

Resolvi tomar um banho pra desinchar o rosto e acalmar o corpo. Com o sabonete tirei as suas impressões digitais meu corpo. Depois que você se foi, sempre que tomava banho lembrava das minhas mãos ensaboando seu corpo esguio e sua carcaça magrela, passando shampoo no seu cabeção loiro e suas mãos contornando partes específicas do meu corpo. É impressionante como eu sentia tesão, mesmo você não estando comigo. Dessa vez, pensei na última vez que fizemos isso juntos. Lembrei do quanto você foi sacana em me usar e dias depois terminar comigo. Com isso aprendi a perder o tesão. Brochei.

Ao me secar, lembrei que precisava sentir raiva de você. Porque quando sinto raiva, esqueço que amo. Como fazer isso? Só lembrar das suas mentiras, sua falta de respeito e o jeito como você lida com os problemas, seu jeito fraco de ser. Medroso. Pensar em como fui trouxa em acreditar em você. Em te admirar. Lembrar que você olhou pra bunda e pernas das minhas amigas no meu próprio baile de formatura. Deplorável. Isso porque você dizia que eu é que não te respeitava. Me poupe. Se na frente dos meus pais você fez isso, imagina o que não fazia nas minhas costas?! Lembrar das mentiras que me contou por causa de uma menina que fez de um tudo pra me encher o saco, deu de cima de você a rodo, e você ainda teve coragem de me dizer: “- Pretah, nunca percebi que ela dava de cima de mim.” – isso porque a sua sala inteira sempre achou que vocês tivessem alguma coisa. Fingido. Mentiroso.

Lembrei da minha mãe triste com sua atitude de terminar assim... ela te tratava como filho. Ela reclamou isso. - “Gostava dele como se fosse um filho.”. Ela cozinhava pensando em agradar você. Minhas irmãs sentiam ciúmes porque minha mãe começou a te dar regalias demais... Meu pai abriu as portas da minha casa e te tratou bem como nunca tratou ninguém.

A partir de ontem, depois de toda a tentativa VOLUNTÁRIA de te esquecer, todas as vezes que pensar em você, me obrigo a pensar em outra coisa ou nas suas mentiras – prefiro pensar nos meus amigos, na minha família, nos meus estudos, nas minhas viagens, nas saídas de final e meio de semana, nos meus pretendentes, enfim, em coisas que me tragam algo de bom.

Fiz um depoimento (sim, eu me dei ao trabalho), para os meus amigos mais próximos, que não tocassem mais no seu nome e que me fizessem calar se, em um deslize, eu mesma trouxesse as suas falas para as nossas conversas. Aquelas gírias infantis que você aprendeu com sua coleguinha (também infantil) de sala.

Esquecer você exige apagar bares, praças, músicas, apelidos, conversas, cheiros...
O melhor é pensar no futuro, nos planos, viagens, cursos, filmes (comédias não - românticas), teatros, amigos e um eventual beijo de língua em um estranho (ou estranhos), por mais superficial que esses beijos se revelem no dia seguinte. Pensar em como é bom ser desejada por outras pessoas. Pensar em sentir tesão por outra pessoa e transar loucamente. Pensar em como eu te amei um dia. Pensar em como fui feliz. Pensar que um dia vou ser feliz de novo.

Pensar que se você tivesse no mínimo um pouco de coragem, assumiria que sente minha falta e viria correndo pros meus braços, antes que eu te esqueça completamente. Antes que seja tarde demais. Antes que eu me apaixone loucamente por outra pessoa, assim como quando me apaixonei por você. Antes que o mundo dê a volta completa. Porque um dia, quando pedi uma chance, eu estava disposta a passar por cima de tudo. Eu te prometi que não mais aconteceria. Você prefere dizer que tem medo. E ficar ai parado. Preferiu não tentar.

- Demorou quanto tempo pra você conseguir esquecer, se acostumar sem mim?

Aposto que uns dias.

Pra mim, apesar de ser um processo lento, não é impossível.

Adriane Assis

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